terça-feira, 30 de outubro de 2007

Análise do conto: Aqueles dois de io Fernando Abreu.(lit. brasil.)

Análise do conto: Aqueles dois (história de aparente mediocridade e repressão) – Caio Fernando Abreu.
Este conto trata da história de dois amigos que trabalham em uma repartição. Os fatos, narrados em terceira pessoa, por um narrador onisciente, são narrados desde quando ambos entraram na empresa, sem se conhecerem e aos poucos os dois vão se aproximando, afinal: “Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra”. Eles passam a troca alguns ásperos, oi!, Bom dia!, e coisas do gênero, sempre apreciados pelos olhares das moças do departamento, que “ficavam nervosas quando eles surgiram, tão altos altivos”, e pelos homens, que “apesar dos outros homens, alguns até mais jovens, nenhum deles tinha barriga ou aquela postura desalentada de quem carimba ou datilografa papéis oito horas por dia.”
A relação se materializa, quando em uma manhã, um deles, o de nome Saul, o outro chama-se Raul , chega atrasado à repartição e todos perguntam o motivo, que ele atribui a um filme que ficara assistindo até mais tarde. Ninguém conhecia o filme, exceto Raul. Conversaram, naquele dia, longo tempo. E naquela semana, o assunto passaria de filme para “histórias pessoais, passados, alguns sonhos, pequenas esperanças, passados, alguns sonhos, sobretudo queixas.” A mulheres da repartição, afim de enlaçar uma das “almas especiais”, passaram a organizar atividades, “bares, gafieira, discotecas”, mas os dois sempre se enfiava nos cantos e sacadas para conversar. Essa amizade vai aumentando, Saul passa a freqüentar a casa de Raul, e vice-versa, nos finais de semana, e assim o tempo passa até que em um determinado dia a mãe de Raul morre e ele é obrigado a se ausentar por algum tempo. Quando ele volta, “ele precisou passar uma semana fora”, pede a Saul que vá a seu apartamento. Quando Saul chega, encontra Raul sem luto, barba por fazer. Os dois bebem até se embriagarem e, no momento de Saul ir embora, Raul começa a chorar. Os dois se abraçam, os dedos de Saul vão para na Barba de Raul e acontece algo que nenhum deles conseguem descrever. Trocas de juras são feita: “Você tem a mim agora, e para sempre”.
Com a vinda do Natal e as festa de fim de ano, os dois passam a ficar mais juntos ainda. Na noite de révellom, Saul pousou no apartamento de Raul, pediu para dormir nu. Raul disse a ele que sim, pois tinha um belo corpo. Apesar de um deitar no sofá outro na cama, ninguém dormiu a noite.
Quando chega janeiro, os dois planejam as férias juntos, até que um dia o chefe da repartição os chama e diz que está recebendo algumas cartas anônimas. Mensagens como: “Relação anormal e ostensiva, desavergonhada aberração, comportamento doentio, psicologia deformada”. Depois vários argumentos como: “A reputação de nossa firma, tenho que zelar pela moral dos meus funcionários.” Os dois são despedidos. Esvaziam suas mesas se se olharem. A mesa de um ficava do lado da do outro. E quando um abriu a porta do táxi para que o outro entrasse, ouvi um “ai-ai!” que os dois não chegaram a ouvir.
Mas certo é que ninguém conseguiu trabalhar em paz naquela repartição. E foram infelizes por seus feitos.
Mostra-se com esse desfecho o preconceito que a sociedade ainda tem. Nessa obra em específico, vemos a questão do Homossexualismo, um jovem casal que é privado de sua vida profissional, frente a uma sociedade opressora. Mas são diversos os casos de preconceitos na sociedade moderna e contemporânea. Preconceitos raciais, classiais, sexuais, por idade, etc, estão até hoje em nosso meio, para que todos passam ver. Grandes são as campanhas publicitária, e veja hoje já se há até campanhas publicitárias, para acabar com o preconceito. Bonito é a mensagem ou o aviso deixado pelo autor, que deve Ter vivido na pele este tipo de rejeição, no final, dizendo que ninguém pode nem vai ser feliz, após cometer tal ato.
Se formos buscar um relação enter a dois protagonistas com espaço social, os veremos sempre a margem desse espaço. Desde o início o narrador os mostra excluídos. Eles não tinham ninguém naquela cidade – e de certa forma, também em nenhuma outra.” Seus “modos-de-vida” eram muitos diferentes dos demais, ficar em casa, assistir a filmes, e vejamos, até o gosto dos dois são diferente dos demais, os assuntos e como “estavam ambos cansados de todas as mulheres do mundo”. O conflito dessa relação se desestabiliza, creio eu, no momento em que mulheres passaram a desejá-los e homens a invejá-lo. Então o repúdio, a busca por um erro um rabicho, que poderia manchar a imagem dos dois. Assim, devem Ter sido se imaginarmos os rumores dentro da repartição, as piadinhas quando ambos não estavam, até culminar com as cartas mandadas por inveja ou desilusão ao Diretor.
Sobre o tempo neste conto, encontraremos duas formas de passagem: a física e a psicológica. Na forma física, parece que o narrador tem o poder de adiantar ou fixar a um determinado momento, a narração é feita como por FlashBack, assim o narrador fica quase como com um controle remoto nas mãos e sim pode fazer passar um capítulo em câmera-lenta ou adiantar e pular um ou três capítulos. Já um bom exemplo de tempo psicológico seria o abraço entre os dois, quando os dedos de Saul encontram a barba de Raul.
Organização: Professor Francisco Muriel

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